Como regular o aparelho auditivo corretamente: guia completo

A regulagem adequada do aparelho auditivo é fundamental para garantir não apenas a amplificação correta dos sons, mas também o conforto e a qualidade de vida do usuário. Ajustes imprecisos podem comprometer significativamente a experiência auditiva, gerar desconfortos e até mesmo levar ao abandono do uso.

Neste artigo, vamos abordar os principais sinais clínicos que indicam se o aparelho auditivo está ou não com a regulagem correta, além de apresentar orientações profissionais sobre o processo de ajuste e o papel essencial do acompanhamento fonoaudiológico.

A importância da regulagem adequada

O processo de adaptação ao aparelho auditivo vai muito além de simplesmente colocar o dispositivo no ouvido. É necessária uma programação criteriosa, baseada em diversos parâmetros: tipo e niveis de perda auditiva, perfil sonoro do paciente, estilo de vida e até mesmo preferências individuais.

A regulagem correta, também chamada de ajuste fino ou “fine-tuning”, busca equilibrar a amplificação dos sons para que eles sejam suficientemente audíveis sem causar desconforto, distorções ou sobrecarga auditiva.

Sinais clínicos de que o aparelho auditivo está com a regulagem correta

Quando o aparelho auditivo está bem ajustado, o usuário percebe benefícios claros e demonstra sinais positivos, tais como:

• Clareza na percepção da fala: O paciente consegue entender conversas em ambientes silenciosos e moderadamente ruidosos, com pouca necessidade de esforço auditivo.
• Conforto sonoro: Os sons do ambiente são percebidos como naturais e equilibrados, sem que haja sensação de “eco”, “oclusão” ou sons excessivamente metálicos ou abafados.
• Ausência de desconfortos físicos: O uso do aparelho não gera dor, sensação de pressão ou irritação no conduto auditivo.
• Melhora funcional nas atividades diárias: O paciente relata mais segurança ao se comunicar, participar de interações sociais e realizar tarefas cotidianas que envolvem percepção auditiva.
• Redução de queixas comuns: Problemas como microfonia (apito), zumbido exacerbado, sensação de sons altos demais ou, ao contrário, inaudíveis, não estão presentes ou foram significativamente minimizados.

Sinais de que a regulagem pode estar incorreta

Por outro lado, alguns indícios podem apontar para uma regulagem inadequada:

• Dificuldade para entender a fala: Mesmo com o aparelho, o paciente precisa pedir para repetir ou não consegue distinguir palavras claramente, especialmente em ambientes ruidosos.
• Sons distorcidos ou desconfortáveis: O paciente percebe os sons como estridentes, metálicos, abafados ou excessivamente altos.
• Cansaço auditivo ou dor de cabeça: Sensações de fadiga, irritação ou dor após longos períodos de uso podem indicar que o ganho está elevado ou mal calibrado.
• Presença de microfonia (feedback acústico): Ocorre um apito ou chiado constante ou intermitente, geralmente causado por vedação inadequada ou excesso de amplificação.
• Abandono do uso: Muitos pacientes abandonam ou reduzem drasticamente o uso do aparelho quando não se sentem beneficiados ou experimentam desconfortos recorrentes.

Como é feita a regulagem profissional do aparelho auditivo?

O processo de ajuste do aparelho auditivo é uma etapa fundamental e obrigatoriamente conduzida por um fonoaudiólogo especializado em audiologia.

Avaliação audiológica completa

O ponto de partida é a realização de exames como audiometria tonal e vocal, imitanciometria e, se necessário, testes eletrofisiológicos. Esses exames definem os parâmetros objetivos para a programação inicial do aparelho.

Configuração com base na prescrição

Modelos matemáticos, como o NAL-NL2 ou DSL, são utilizados para calcular o ganho necessário em cada frequência, de acordo com a perda auditiva do paciente.

Medidas objetivas – Ganho de Inserção Real (REM)

A realização do Real Ear Measurement (REM) permite aferir se a amplificação proporcionada pelo aparelho corresponde às necessidades auditivas do paciente, evitando tanto a subamplificação quanto a sobrecarga sonora.

Ajustes subjetivos

Além das medidas objetivas, o relato do paciente sobre sua percepção sonora, conforto e dificuldades específicas guia ajustes adicionais, garantindo uma adaptação mais personalizada.

Acompanhamento contínuo

A regulagem não é um procedimento único e pontual. São necessárias consultas periódicas para monitorar o desempenho do aparelho, especialmente nos primeiros meses, quando o cérebro passa pelo processo de neuroadaptação aos novos estímulos sonoros.

Orientações importantes para o paciente

• Relate todas as percepções ao fonoaudiólogo: desconfortos, dificuldades específicas ou situações onde o aparelho não está funcionando como esperado.
• Evite ajustar o volume por conta própria: alterações inadequadas podem comprometer a eficácia do tratamento auditivo.
• Participe de sessões de orientação e treinamento auditivo: essas práticas auxiliam na adaptação e na maximização dos benefícios do aparelho.
• Compareça às revisões periódicas: mesmo após a adaptação, é importante manter o acompanhamento para ajustes finos, manutenção e verificação da saúde auditiva.

Saber se o aparelho auditivo está com a regulagem correta depende de uma combinação entre avaliação clínica, exames especializados e, principalmente, da percepção subjetiva do paciente. O acompanhamento com um fonoaudiólogo qualificado é indispensável para garantir que o dispositivo esteja proporcionando o máximo benefício possível.

Se você suspeita que o seu aparelho auditivo não está ajustado corretamente, procure seu profissional de confiança e agende uma avaliação. O ajuste fino pode transformar a sua experiência auditiva e melhorar significativamente a sua qualidade de vida.

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